A expansão global da cultura pop da Coreia do Sul, incluindo o K-pop e os dramas televisivos, tem sido tratada como uma verdadeira ameaça pelo regime de Kim Jong-un. Em resposta, o governo da Coreia do Norte tem recorrido a medidas extremas de repressão, chegando a aplicar penas de morte públicas para tentar frear o envolvimento da juventude com esses conteúdos. As informações são do portal Pleno News.
Por: Paulo Roberto
Atualizado em: 27/06/2025 – 01h12
O alerta foi feito nesta quarta-feira (25) durante um fórum realizado em Seul, capital sul-coreana, promovido pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Durante o evento, diversos desertores norte-coreanos relataram abusos e práticas de censura brutais dentro do país, destacando a perseguição a quem consome elementos culturais vindos do Sul.
Esses depoimentos compõem a base de um relatório que está sendo preparado para ser apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro.
Desde o surgimento da pandemia, o controle estatal na Coreia do Norte se intensificou ainda mais. Foram aprovadas leis como a de Rejeição à Cultura e Ideologia Reacionária (2020), a de Educação Juvenil (2021) e a de Proteção do Dialeto de Pyongyang (2023), que criminalizam expressões culturais consideradas "contaminadas" influência pela estrangeira, sobretudo sul-coreana. Até expressões populares como “oppa” podem levar à prisão — ou, em casos mais graves, à execução.
Um dos testemunhos mais chocantes foi do desertor Kim Il-hyuk, que disse ter conhecido um rapaz de apenas 22 anos executado por distribuir músicas e novelas sul-coreanas da década de 70. De acordo com ele, execuções públicas acontecem regularmente, a cada dois ou três meses, e muitas delas são justamente por “crimes culturais”.
Outra jovem, que fugiu do país temendo por sua vida, revelou que uma mulher grávida foi presa ao lado do companheiro apenas por assistirem juntos a uma novela sul-coreana. Segundo ela, consumir música e entretenimento do Sul era sua única forma de encontrar um rompimento diante da dura realidade do país.
Apesar da repressão, o fascínio pela cultura sul-coreana continua crescendo. Grupos musicais formados por exilados norte-coreanos, como 1Verse e Be Boys, vão se apresentar neste verão na Coreia do Sul — uma mostra de que, mesmo sob ameaça de morte, a força cultural do vizinho do Sul ultrapassa fronteiras e ditaduras.